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Batom e Minissaias: Hábitos de Consumo Podem Ser Indicadores de Recessão?

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Desde o pico do pós-pandemia, há um debate contínuo sobre uma possível recessão nos Estados Unidos, apesar da economia estar mostrando resiliência — ainda que ela venha desacelerando. Essas projeções baseiam-se em uma série de indicadores econômicos, como o índice de confiança do consumidor, a taxa de juros e até a atual política tarifária do presidente americano, Donald Trump. Só que há também quem aponte que determinados hábitos de consumo são um indício de que retração da economia está por vir. 

É uma espécie de previsão econômica baseada no comportamento da população em momentos em que o dinheiro já não é mais tão farto. Entre o exemplo mais conhecido, está o “índice do batom” ou “efeito batom”. Essa teoria foi descrita pela primeira vez no livro de Julie Schor, “The Overspent American” (O Americano com Gastos Excessivos), de 1998, mas Leonard Lauder, CEO da marca Estée Lauder, foi quem a popularizou. Isso porque, segundo ele, durante as crises de 2001 e 2008, a venda do cosmético de sua marca cresceu 25% e 11%, respectivamente. 

Essa relação defende que as pessoas buscam itens mais em conta – ou pequenos luxos – para encontrarem algum tipo de conforto ou bem-estar, na tentativa de esquecer os problemas. Mas será que ela faz sentido?

Além do batom

De acordo com o professor de economia e direito do Mackenzie, Allan Augusto Gallo Antonio, o batom não é o único índice. Há, por exemplo, o “Men’s underwear index”, associado ao ex-presidente do Federal Reserve (Fed), Alan Greenspan, que relaciona a queda na compra de roupa íntima masculina a períodos mais restritivos da economia. Ainda no setor de moda, há o índice de bainha, que sugere uma relação entre o comprimento da saia e a situação econômica. Em momentos de expansão, a bainha diminui, enquanto em períodos de recessão, ela aumenta. O índice foi criado pelo economista George Taylor, que viu essa relação entre o período dos “Loucos Anos Vinte”, em que as bainhas estavam menores, e a Grande Depressão, quando o comprimento desses itens voltaram a ficar grandes.

Outros também citados são o dos esmaltes (2010) e o da máscara facial (2021). Segundo a Pitchbook, empresa que estuda o mercado de capitais, no segundo ano da pandemia de covid-19, foram investidos mais de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,28 bilhões) em empresas de beleza, mais que o dobro do que foi registrado em 2019, quando o setor levantou US$ 600 milhões (R$ 3,31 bilhões).

O que o batom tem a dizer?

Antonio afirma que a associação entre hábitos de consumo e fases da economia não é uma novidade e, embora, sejam baseadas em observações empíricas, elas não se sustentam ao longo do tempo e nem têm valor estatístico. “Em geral, são sinalizações superficiais e, no fim do dia, sua popularidade tende a superar a utilidade analítica para a economia”, destaca. Para ele, de forma isolada, elas chegam a ter um caráter humorístico ou heurístico. 

“A venda de batons ou mudanças na moda, dizem mais sobre o nosso imaginário coletivo em tempos de incerteza do que sobre os fundamentos econômicos”, afirma. Antonio explica que, quando essas associações são colocadas dentro de uma estrutura teórica sólida, como a teoria do consumidor sob restrição orçamentária, elas fazem algum sentido, mas quando investigadas como causa e efeito são vistas apenas como algo culturalmente enviesado

“Embora esses índices tenham forte apelo popular e potencial para viralizar, nós, economistas ortodoxos, costumamos resistir à tentação de traçar correlações estatísticas e sociais inusitadas”, destaca. No entanto, isso não quer dizer que hábitos de consumo não sejam indicativos de uma recessão. 

“O consumo agregado das famílias, especialmente em bens duráveis, costuma reagir de maneira sensível a choques de confiança, aperto monetário ou deterioração das expectativas”, explica o economista. Segundo ele, a grande questão dessas teorias é que elas precisam ser analisadas em conjunto com outras variáveis macroeconômicas estruturais. 

Batom não é à prova de crise

Para além dos apontamentos feitos por Antonio, os resultados do primeiro trimestre das empresas de beleza não mostraram grande êxito. A Coty, por exemplo, teve queda nas vendas, reduziu a previsão de lucro anual e afirmou que pretende demitir ao menos 700 funcionários – 5% do total. No varejo, a LVMH viu as divisões de perfumes e cosméticos se estagnarem, enquanto a L’Oreal cresceu 3,5% no período. O cenário mostra que essas empresas, antes resilientes aos períodos de crise, estão perdendo força.

Players do setor atribuem os tempos de “vacas magras” à redução de estoques dos varejistas e as incertezas econômicas. Há também o fato de que as preferências dos consumidores americanos estão mudando, em parte, pela inflação alta para os seus parâmetros – atualmente 2,7% ao ano – e pela desaceleração do crescimento econômico.

Outra parte dessa mudança está ligada a uma questão ideológica. No ano passado, no TikTok, a tendência chamada de “underconsumption core” (subconsumismo em tradução livre ou consumo consciente), na qual os usuários mostravam que tinham uma rotina básica de beleza, mostrou que a geração Z tem se sentido sobrecarregada pelo bombardeamento de ofertas de produtos. Pesa também a questão da sustentabilidade, que vem ganhando mais espaço no estilo de vida das pessoas.

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